Era uma vez, no pé de uma grande montanha, uma cidade aonde as pessoas conhecidas como o Povo Feliz viviam. A própria existência deles era um mistério para o resto do mundo, coberta por nuvens. Aqui eles viviam suas pacíficas vidas, inocentes sobre o excesso de violência que estava crescendo pelo Mundo. Viver em harmonia com o espírito da montanha chamada Macaco era o bastante.
Então um dia, o Povo Estranho chegou na cidade. Eles vieram camuflados, escondindos atrás de lentes escuras, mas ninguém percebeu: eles só viram sombras.
Veja você, sem a Verdade Dos Olhos o Povo Feliz era cego.
Logo, o Povo Estranho encontrou um caminho para os mais altos pontos da montanha, e foi lá que eles encontraram as cavernas da inimaginável Sinceridade e Beleza. Acabaram entrando no Lugar Aonde Todas As Boas Almas Vem Para Descansar.
O Povo Estranho desejou as jóias nessas cavernas, acima de todas as coisas, e logo eles começaram a cavar na montanha. A sua riqueza parecia alimentar o caos do seu próprio mundo.
Enquanto isso, lá embaixo na cidade, o Povo Feliz dormia incomodado, os seus sonhos tinham sido invadidos por figuras sombrias, que levavam as suas almas embora.
Todo dia, as pessoas acordariam e contemplariam a montanha. Porque isso estava trazendo escuridão para as suas vidas?
E enquanto o Povo Estranho cavou cada vez mais e mais fundo na montanha, buracos começaram a aparecer, trazendo um vento frio e amargo que esfriou as suas almas.
Pela primeira vez, o Povo Feliz sentiu medo, por saber que logo, o Macaco iria acordar do seu profundo sono.
E então veio um som.
Distante primeiro, mas cresceu para uma catástrofe tão imensa que podia ser ouvida longe no espaço.
Não houveram gritos.
Não havia hora.
A montanha chamada Macaco tinha falado.
Só havia fogo.
E então, nada.
Ó pequena cidade, a sua hora de ver chegou, não há nada que você acredite que você quer. Mas aonde estava você quando tudo desmoronou sobre mim? Você me chamou agora?
Jorge Ben Jor e Gilberto Gil - Filho Maravilha